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Existem três direções/temas necessários (e carentes de discussão) para a melhor compreensão do papel de um crítico e para o melhor entendimento da arte por parte do público, são elas:
![]() Percebam que as notas vermelhas são melódicas e estão separadas das outras que pertencem às hastes dos acordes. Mas mesmo com as regras de grafia do período clássico e do início do período romântico sendo claras a respeito de como devemos observar e executar uma melodia e um acompanhamento (homofonia), todos os intérpretes seja por falta de leitura, estudo e/ou análise acabam lendo da mesma forma errada, fazendo com que as notas agudas dos acordes sejam consideradas a melodia da música. ![]() O problema é que, não somente pela escrita, mas, historicamente, a obra de Beethoven demorou a ser aceita por não possuir a linguagem leve de Mozart. No entanto a melodia errada que é propagada nesta Sonata de Beethoven jamais seria considerada estranha ou pesada, pois trata-se de um conjunto de notas muito simples, por outro lado, a melodia correta é bem mais exótica e Beethoveniana, e, além disso, é ela que justifica através da teoria a construção dos outros dois movimentos da Sonata. ![]() A falta de conhecimento gera ainda padrões tortos de beleza e de entendimento da obra alheia, como, por exemplo, as interpretações de Glenn Gould da obra de Johann Sebastian Bach. Sem dúvida vale a pena conhecer as gravações de Gould, mas trata-se do menos Bachiano dos intérpretes de Bach e nunca suas gravações deveriam ser utilizadas como referência para conhecer a obra de Bach e sim como “um outro caminho”, mas que não deve ser seguido por estudantes devido a sua esterilidade e falta de base. Para piorar, os caminhos tortos da má interpretação levam o intérprete a níveis ridículos onde a palhaçada se torna a meta principal para poder segurar um público como faz, por exemplo, o pianista chinês Lang Lang, que nada faz além de tocar as notas das músicas que ele se propõe a “interpretar” da maneira mais errônea possível enquanto o mesmo faz caretas que parecem zombar do público e da obra que ele tenta executar, e sinceramente é uma pena ver alguém com tanta capacidade mecânica nas mãos não saber usar isso em nome da arte e virar um bobo-da-côrte para os pseudo-intelectuais que o assistem e veneram. Mas, se por um lado existem os que fazem isso no palco, por outro existem aqueles que patrocinam este lixo. E aqui entram as gravadoras interessadas apenas no lucro. Obviamente não há mais um interesse no registro histórico por parte das mesmas, apenas há dinheiro para os que podem vender bem. E estes “lang-langs” deprimentes vendem bem. Fosse apenas este o problema, tudo bem, mas este monte de erro acumulado é divulgado como “o correto” entre estudantes de conservatórios e de universidades. O fato é que as pessoas não escutam mais os grandes pianistas, pois eles têm pouco espaço, escutam sim muitos farsantes que ganham contratos com gravadoras através de grandes concursos (duvidosos) internacionais e que fazem nada mais do que ocupar o espaço de quem realmente faz a diferença. Infelizmente Leo Sirota, Frederic Lamond, Mark Hambourg, Ignaz Friedman nem são mais lembrados, e de grandes pianistas hoje podemos apenas citar Marc André Hamelin, Konstantin Scherbakov, Piers Lane, Sandro Russo, Francesco Libetta, e já é difícil continuar tal lista sem pensar muito uma vez que eles estão a mercê deste sistema corrompido e podre. A crítica e os críticos já estão no campo da inutilidade histórica há muito tempo, pois estes formadores de opinião necessariamente deveriam possuir conhecimento sobre a área que comentam, e isso já quase não acontece mais. Se por um lado a internet abre espaço para a pesquisa e troca de informações, por outro ela também serve para megalomaníacos escreverem absurdos na tentativa de adquirirem fiéis cegos. Pseudo-Schumanns, Pseudo-Wagners? Talvez sim, mas seria tão menos incômodo se pelo menos eles soubessem fazer uma obrinha musical qualquer... Artur Cimirro 28 de setembro de 2010 (*) imagens extraídas da primeira edição da Grande Sonata Patética Op.13 - 1799 - cópia cedida pela Beethoven-Haus Bonn / Alemanha |
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