(desenho de Jo Oliveira)
"O Cascudo é quem sabe. Me traga aqui o Cascudo. O Cascudo aparece, e decide a parada. Todos o respeitam e vão por ele. Não é propriamente uma pessoa, ou antes, é uma pessoa em dois grossos volumes, em forma de dicionário que convém ter sempre à mão, para quando surgir uma dúvida sobre costumes, festas, artes do nosso povo. Ele diz tintim-por-tintim a alma do Brasil em suas heranças mágicas, suas manifestações rituais, seu comportamento em face do mistério e da realidade comezinha. Em vez de falar Dicionário Brasileiro poupa-se tempo falando “o Cascudo”, seu autor, mas o autor não é só dicionário, é muito mais, e sua bibliografia de estudos folclóricos e históricos marca uma bela vida de trabalho inserido na preocupação de “viver” o Brasil.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Na trigésima comemoração de “encantamento” de Luís da Câmara Cascudo, como fã incondicional do legado que ele nos deixou, eu não poderia deixar de fazer essa pequena homenagem a essa lenda. Historiador e pesquisador incansável, logo cedo se afeiçoou às lendas e mitos que permeavam (e ainda permeiam) nossos cérebros que voam qual pássaro feliz por ter com que se divertir. Essa diversão é calcada no mais profundo conhecimento da diversidade cultural, graças às pesquisas incansáveis desse incrível ser humano que fez questão de legar ao mundo, um retrato fiel da extensa cultura brasileira.
Nascido em Natal, Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1898 e “encantado” em 30 de julho de 1986, Luís da Câmara Cascudo, além de historiador, foi antropólogo, advogado e jornalista. Foi professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, e o Instituto de Antropologia dessa universidade leva com muito orgulho o seu nome.
O conjunto da obra de Luís da Câmara Cascudo é considerável em quantidade e qualidade. O autor escreveu 103 livros, 10 edições anotadas/traduzidas, 121 plaquetes, totalizando 234 publicações, sendo sua maioria sobre o Folclore. Este feito o coloca entre os intelectuais brasileiros mais prolíficos. Sua obra ganhou reconhecimento internacional.
Em meio a tantas obras de valores inestimáveis, fica impossível apontar qual merece maior destaque. Não por acaso, escolhi “Geografia dos Mitos Brasileiros” por conta do resgate íntegro, em forma de literatura, que faço dos mitos que Câmara compilou. A confiança é total na lisura, ética e profissionalismo desse cientista.
Após o “encantamento” de Câmara Cascudo em 1986, e de sua esposa Dáhlia em 1997, a casa em que moravam permaneceu aos cuidados da filha Anna Maria Cascudo Barreto. Em 2005 sua restauração foi iniciada, e concluída em 2009.
Em 2010, a casa foi aberta para visitação pública, abrigando o então LUDOVICUS – INSTITUTO CÂMARA CASCUDO.
Para os amantes dessa área, e para os desavisados, a recomendação é a de que conheçam de perto o Instituto LUDOVICUS – INSTITUTO CÂMARA CASCUDO, que possibilita a todos a felicidade de poder sentir-se um pouco mais perto do mestre potiguar.
Nada mais natural, agora, a neta de Câmara, Daliana Cascudo Roberti Leite, presidir esse Instituto, pois provou com suas ações estar apta para dar continuidade aos projetos do SER imortalizado.
O LUDOVICUS fica localizado na Avenida Câmara Cascudo, 377, Centro, Natal/RN. Nesse local Cascudo viveu grande parte de sua vida. É uma referência da cultura do Estado do RN.
Cascudo sempre se referia à morte como “encantamento”, por isso, nada mais próprio para homenageá-lo do que manter esse termo.
Festejemos, então, com o Instituto Ludovicus – Câmara Cascudo, os trinta anos de puro “encantamento” de um SER que vive nas obras deixadas, a nos encantar!
Anita Cimirro (08 de julho de 2016)
Endereço para contato:
Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo
www.cascudo.org.br