Há os que vivem para serem pontes ou rios nas vidas das outras pessoas, mas também esta situação pode ser invertida quando a possibilidade e/ou necessidade sugere que isso ocorra.
Obviamente a relação feita entre pontes e rios para falar a respeito de ações humanas, é apenas e tão somente uma maneira menos rude, mas genérica ao extremo para se discorrer sobre pessoas que ajudam (pontes), e as que são ajudadas (rios).
Nem sempre esta relação é harmônica. Por vezes a ponte cai, e rios mudam seus cursos.
As pontes podem ser estreitas, largas, de cimento, madeira, ferro. Podem ser pinguelas retas ou tortuosas, cilíndricas ou achatadas, novas ou velhas.
Os rios têm características variadas também. Por vezes inundam as pontes com suas águas limpas ou sujas, em outras deixam o leito à mostra tamanha a sua escassez de água.
O ser humano, no geral, auxilia e se deixa auxiliar baseado em seu estado posicional. Em todas as suas ações, nota-se no mínimo a intenção de barganha. A balela de que “se faz o bem, sem olhar a quem”, é prerrogativa dos disfarçados de Jesus Cristo, e, mesmo nesse caso, estão querendo ganhar em troca, um lugarzinho no céu, e nem pensam que estas mesmas ações podem surtir efeito contrário, levando-os ao inferno (seja na terra, ou em outra dimensão).
É corriqueiro ouvir certas manifestações de desagrado quando o que pratica o “bem” não tem o retorno que deseja: seja um sorriso, um agradecimento, ou uma eterna demonstração de afeto por parte do contemplado.
O homem é vaidoso em demasia, e se algo feito em relação ao próximo for considerado bom, então todos à sua volta devem saber e testemunhar sua bondade, do contrário, perde-se valor e tempo desprendido nesta prática.
A relação existente entre os humanos difere da dos demais animais, pois nessas outras espécies não há vaidades e nem crendices valorizadas. A natureza viveria em perfeita simbiose se não houvesse a interferência humana.
Interessante observar que justamente o homem que foi dotado de inteligência maior, é o que tem menos aptidão para tentar acabar e/ou diminuir com essa mania de bancar a ponte ou o rio (ou os dois).
Biologia, fisiologia, meio em que se desenvolve têm teorias de sobra para explicarem o comportamento humano. Geneticistas vivem a desvendar genomas em tentativas variadas até para explicar o inexplicável, mas há algo que sempre escapa quando se trata da subjetividade de pensamento e ação.
Por ora, respostas do tipo “é porque é” se adéquam perfeitamente bem aos que pretendem não enlouquecer na vã procura de entender muitas mazelas humanas.
Uma ponte é uma ponte, e um rio é um rio. Disso alguém duvida?
Nicete Campos
11/4/2011