Às urnas eleitorais novamente! Passamos nossas vidas elegendo nossos algozes. Ano sim, ano não, temos que cumprir com nossas obrigações em benefício dos que nada merecem, além do nosso desprezo. País das contradições, da falsa liberdade de gerir suas próprias vidas.
Todos os meios de comunicação se agitam, desdobrando-se em tempos demasiados longos para nada dizerem, ou melhor, para, em sua grande maioria, vender escritos, falas e imagens de pretensos salvadores da pátria. Propagandas de cunho duvidoso/partidário, permeadas por conteúdos inóspitos, são encomendadas pelos partidos políticos, que se valem delas para abaterem os bois votantes.
Agora começam a surgir os anjos de caras sujas apontando seus dedos e escondendo seus rabos enlameados de falcatruas, descaramentos, podridões e falsidades.
É o jogo do vale tudo, e ganham os tronos abarrotados de dinheiro suado do trabalhador os que forem mais convincentes em suas espertezas.
De todos os meios de comunicação, as emissoras de rádio são as mais exploradas pelos espertalhões, afinal, um radinho de pilha acompanha seu dono até onde a energia elétrica não chega (construções civis, roças, barracos de gente honesta que não faz uso de “gatos”, e tantos outros pontos onde o eleitor habita/trabalha).
Arrecadar votos através de muitos radialistas inescrupulosos, e que não se envergonham em emprestarem seus nomes para induzirem a população a votar neste ou naquele candidato/partido, faz parte da malandragem e de acordos vergonhosos. Comum também é notar o número (cada vez mais crescente) de “religiosos” ocupando vários horários no rádio. Uma porcentagem considerável deles usa este poderoso canal para conseguir intentos tenebrosos que até ao diabo assusta. Fiéis de todos os credos, povos de todas as raças e culturas (em sua maioria), se deixam levar pelo característico fanatismo da ignorância. Novamente sai no lucro do poder e do capital, aquele que tem maior “lábia”.
Há algum tempo, o rádio vem se deteriorando com programações voltadas a um público leigo que se apraz em ouvir inverdades e promessas inconsistentes vindas de seres egoístas, capitalistas e sem ética alguma.
Para os “donos” ou “laranjas” do rádio, os meios, sejam eles quais forem, justificam seus infames fins. Muitos conseguem as concessões através de conchavos políticos, e mesmo as rádios comunitárias que deveriam cumprir a sua função popular/educativa, acabaram por despertar os olhos gulosos dos políticos inescrupulosos que se fixam como “donos” através do uso nominal de familiares (esposa, filhos, por exemplo), não só deixando assim de praticar ações comunitárias, bem como coibindo a participação dos que pleiteiam um espaço para tal.
Rádios comunitárias e comerciais atualmente pouco se diferem. Talvez em alcance de suas ondas, mas ambas são escravas do capitalismo (obviamente que há exceções, e no caso das comunitárias, algumas até fazem uso da propaganda velada). Não menciono aqui as rádios universitárias, por não entender os princípios que a fundamentam.
O rádio está para o povo, assim como o povo está para a impotência e/ou fanatismo, ou ainda para a ignorância (termo aqui usado para exemplificar a maioria que perdeu a vergonha na cara “prostituindo-se” por acreditar que radialistas são seus pares ideais). Penso então que a simbiose existente está de bom tamanho! Apenas me solidarizo com àqueles que ainda têm ânimo para tentar reverter quadros tão precários.
Utopia?
Nicete Campos
5/5/2010