A atual civilização está em queda livre, transpassando todo e qualquer obstáculo. Vertiginosamente se lança ao encontro do nada, graças aos “conceitos antiquados e nocivos para a alma, bem como uma infinidade de hábitos negativos e crenças estéreis” (Carlos B.G. Pecotche).
O homem pouco sabe sobre si mesmo, e parece não querer saber nada do que está a mais de um palmo de distância dos seus olhos. Apesar de viver voltado para seu próprio umbigo, desconhece sua potencialidade, pois seus olhos são turvados pela abjeta ignorância, pela maledicência e egoísta maneira de proceder em relação ao próximo.
Fragilizado em sua pobreza espiritual, não quer ou não consegue conviver com os bons costumes e a ética norteadora das suas ações. Segue sua vida como se ela pudesse prescindir de tudo que o cerca. Seu espelho não reflete seu espírito, deixando-o a mercê apenas do seu corpo físico. Na ânsia de contentar os apelos da matéria que tudo quer, sem jamais alcançar a satisfação, deixa-se dominar por ela.
Corpos humanos se juntam numa massa uniforme. A decadência dessa civilização é sentida nas ações endêmicas e iguais. Em sua grande maioria a concordância nos atos inócuos e/ou predatórios dá o tom cinza da inutilidade do viver.
Poucos são os idealistas que insistem em resgatar os valores alicerçantes e norteadores de uma sociedade que deveria se reconstruir, inovando hábitos e se autodisciplinando, mas há que se multiplicar o número dos que se negam a entrar nessa massa de “bois” cegos e cabisbaixos.
Conhecimento e responsabilidade moral são quesitos básicos para a transformação de cada cidadão. Entender que deve caminhar com suas próprias pernas, ao invés de engrossar o caldo da pretensa “entendida” massa esmagadora é de fundamental importância, caso o homem queira se livrar da decadência em que se meteu.
A escravização e a limitação impostas a si mesmo, faz o homem refém da massa imobilizadora, mas tal qual a onda do mar, não sai do vai e vem, acreditando assim, que esse movimento, é o suficiente para lembrá-lo de que está vivo.
“Navegar é preciso, viver não é preciso”...
Quanta amargura e desalento contidos nessa frase imortalizada por Fernando Pessoa, ou talvez a intenção tenha sido a de alertar para a necessidade de se criar?
Refletir sobre si mesmo, rever (pré)conceitos, talvez auxilie no autoconhecimento, que sem sombra de dúvida é o norteador inicial que poderá livrar o homem da decadência total.
Nicete Campos
8/5/2009