O número de pessoas desanimadas e incrédulas sempre existiu, mas, com o advento da globalização, das tecnologias de ponta, do desespero para conseguir o capital, seja para a sua sobrevivência, ou por vaidades egoístas, esse número vem crescendo assustadoramente.
O desespero e o fanatismo crescem proporcionalmente, levando o ser humano a usar o extremo de sua maldade em suas atitudes mais corriqueiras.
Já não há o escrutínio na sapiência dos saberes que deveriam ser intrínsicos ao ser. A impressão que se tem, é que o homem já nasce com o mal, sem chance para o pouco bem existente amoldá-lo minimamente que seja.
Ele não crê em mais nada, apenas se robotizou seguindo paradigmas alienalizantes.
É tudo muito patético, tragicômica mesmo essa situação toda.
“Maria-vai-com-as-outras”, ruminantes cabisbaixos que não sabem ou não se importam com seus fins.
Sem saber, ou sem se importarem, vão semeando desgraças esperando uma bela colheita de bem-aventurança. Destroem cérebros e corações regozijando-se sobremaneira na carcaça alheia.
No princípio a impressão que se tem é a de que a vida só merece ser vivida dessa maneira, e que a felicidade consiste em se produzir e praticar o mal contra o próximo. Não se percebe as pessoas se entendendo como sendo o próximo do próximo. É como se o narcisismo fosse prerrogativa de todos, ou ainda, algo como se todos fossem divindades isentas de qualquer maldade concebida na terra.
Assim, cada qual em seu mundo fechado e obtuso, segue a lei do comodismo egoístico, onde acredita estar vivendo da maneira mais sábia, de olho na boa colheita farta.
Eis que finalmente chega o momento de se fartar, e, angustiado, boquiaberto e aterrorizado se nega a acreditar no que vê e sente. Roga pragas contra tudo e contra todos, esbugalha o olhar escrutinando o céu à procura do culpado, volta-se ao próximo com toda a fúria incontida.
Mas, agora o outro existe? Deverá expiar em seu lugar?
Passam-se os anos, as eras, e tudo evolui, menos o ser humano. Ao contrário, quando não permanece em seu ritmo, retrocede.
Saberá um dia, que a lei do retorno é infalível? Conseguirá perceber que não está sozinho no mundo, e que deverá aprender a conviver com o outro? Entenderá finalmente que apenas se colhe aquilo que se plantou?
Nicete Campos
7/12/2008