Todos os tons de verde, amarelo, vermelho, branco, lilás, laranja, marrons, no chão da casa dele tem, e no papel se mantêm.
Tem palmeiras e árvores brasileiras, plantas tropicais e ornamentais, e não poderiam faltar as medicinais.
As daninhas são danadas, mas também estão por lá, e até algumas exóticas, no grande jardim foram brotar.
Harri Lorenzi, o cientista “jardineiro” tanto procurou que achou. Engenheiro Agrônomo de formação, mas pássaro da disseminação por amor e opção. Nasceu em Corupá, Santa Catarina, e andarilho se fez na busca da identificação e coleta de semente, e material para montagem de herbário, além de fotos, muitas fotos multicores.
Em suas expedições, deparou-se com espécies ameaçadas de extinção, e outras já consideradas extintas. Andou pelas matas mineiras, pelos sertões da Bahia, Amazônia Central, Brasil Central e a Serra do Espinhaço. Foi mais longe, em terras distantes, e outras mais. Passos rápidos e largos, por saber que o tempo não para.
Em 1981 fundou o Instituto PLANTARUM, que inclui uma editora, biblioteca, laboratório, um jardim botânico com mais de 4 mil espécies e um herbário com mais de 20 mil exsicatas (unidade básica de coleção de um herbário/amostra de planta seca e prensada numa estufa (herborizada), fixada em uma cartolina de tamanho padrão, acompanhadas de uma etiqueta ou rótulo contendo informações sobre o vegetal e o local de coleta, para fins de estudo botânico).
A partir do final dos anos 90, tem publicado vários livros:
. Palmeiras Brasileiras e Exóticas Cultivadas.
. Árvores Brasileiras 1 e 2 (ambas também em inglês)
. Plantas Tropicais de Burle Marx.
. Plantas Ornamentais no Brasil.
. Plantas Daninhas no Brasil.
. Plantas Medicinais no Brasil (em colaboração com F.J. Abreu Matos).
. Árvores Exóticas no Brasil.
. Botânica Sistemática.
E a produção literária não para por aí. Também convites de todos os cantos do Brasil e do mundo, para palestras e workshops demandam tempo precioso do “jardineiro” que não se cansa de multiplicar. Multiplica saberes e espécies da flora. Com isso ganhamos nós.
O professor Harri Lorenzi, que foi lavrador até os 17 anos de idade (sabia que devia cuidar da terra antes de plantar), mantêm o Instituto Plantarum (entidade privada), com a venda dos seus livros. Em termos de Brasil, isso é uma raridade, já que a grande massa da população não tem como prioridade a leitura e a educação. Pouco afeito à divulgação de massa, da grande mídia, incrivelmente consegue emplacar venda de mais de 150 mil exemplares.
Por ser empresa privada, paga impostos devidos como outra empresa qualquer, ou ainda, como tantas outras que ao invés de multiplicarem conhecimentos e ações em prol do ecossistema, poluem e destroem a natureza.
O legado a ser deixado pelo pesquisador Harri Lorenzi, é sem precedentes. Seus livros de ilustrações ímpares e informações de suma relevância deveriam figurar nas estantes de cada lar, de cada biblioteca, e de todas as escolas do país e do mundo.
Poderia acontecer ainda, em cada cidade, a instalação de um “mini-plantarum” para que suas ações pudessem abranger o maior número de pessoas possível, impactando de maneira efetiva um novo olhar para a dinâmica da vida. Assim sendo, os (sobre)viventes daqui há cem ou quantos anos ainda restarem para o maravilhoso planeta terra, poderão se lembrar com carinho e agradecimento, por ter tido um “jardineiro cientista”, que plantou, cuidou e disseminou as belezas naturais, sempre de olho no futuro.
Literatura consultada: Wikipédia e matéria jornalística de Alexandre Sant’Anna (O Eco).
Nicete Campos
13/6/2008