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A Alma Humana
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Como decifrar a obscuridade existente no ser humano? Se existe alma, quem ou o que poderá decodificá-la? E quem possuirá as informações técnicas para interpretar de fato, cada ação motivadora do ser?

Quando as situações sociais são confusas, o homem se torna confuso.Vira joguete desenfreado, tenso até os ossos. O desajustamento social produz uma química ímpar, deixando os nervos em frangalhos.

As pessoas procuram, em geral, aliviar essa tensão, adotando certos tipos de comportamentos, para tornar a situação menos desagradável. Olham de soslaio para seus pares conseguindo apenas ver-se num espelho de maldades convexas. Daí um nada para que faíscas incendeiem o ambiente em que se encontram.

A verdade contida em cada espécie humana é imperceptível, não bastando o simples fato de existir para atestar sua legalidade. Muito tempo de observação e reflexão serão ainda necessários, para que um melhor entendimento possa ser vislumbrado.

O fato é que hoje, a necessidade mórbida de poder e domínio, retarda os tão esperados dias melhores. Em todos os segmentos da sociedade, existem hipócritas que banalizam o saber, a retidão do pensar e do agir, a solidariedade, o respeito ao ecossistema e o prazer de conviver com as mais ínfimas gentilezas. De seus pedestais, apostam na ignorância, contam com suas espertezas, são exclusivistas, depredam os bens comuns e falta-lhes a educação.

Temos assistido de camarote, o rumo de nossas vidas. Sabemos que algo não vai bem, enxergamos tudo através de uma névoa, mas não nos locomovemos. Acreditamos talvez, que somos incapazes, e por isso, legamos para outros, a resolução de todos os problemas que nos afligem. A covardia, desilusão, impotência, o cansaço, e tantas outras coisas desprezíveis tomaram conta do nosso ser. Perdemos nossas credenciais por ignorarmos nossa força e inteligência; transferimos nossos medos e anseios aos pouquíssimos altruístas que ainda persistem nesse mundo de ilusões.

O egocentrismo expandiu-se e virou moda. Mais uma vez a inversão de valores se faz presente. Tudo se torna travestido, sem aviso prévio, e tão rapidamente, que nem bem se toma ciência de um novo modelo, outro já está em seu lugar. Tempos modernos, alta rotatividade, era da informática, época de dançar no largo verão. Um dia, de tanto girarmos, ficaremos zonzos como bêbados. Na derradeira ressaca, talvez haja reflexão, se é que haverá tempo hábil para tanto, e então, se não estivermos cegos, surdos e mudos, talvez consigamos perceber a pequenina flor que sobreviveu a todos os invernos. E só aí, constataremos que ela foi a única que não mudou...

Nicete Campos
21/7/2007


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