____________________________________________________
Guapuruvu: meu amor, minha paixão!
____________________________________________________
Schizolobium parahyba foi o nome complicado que o cientista lhe deu, mas outros tão singelos, o popular escolheu: bacurubu, badarra, bacuruva, birosca, faveira, pau-de-vintém.
Altiva e bela, sua maior característica é o porte esguio. Sua copa densa, de galhos regulares, forma uma abóbada perfeita. Projeta apenas uma tênue sombra por causa da sua altura e tipo de folhas. Nada egoísta não se importa que outros pequeninos venham a se desenvolver em seu redor.
Tronco lindo e liso de cor esverdeada quando jovem, acinzentada quando adulta, apresenta marcas transversais causadas pelas cicatrizes das folhas que caem.
Com seu porte majestoso deixa-se cobrir de flores amarelas em abundância no início de setembro, colorindo assim a paisagem até novembro com as cores fortes de nossa bandeira em verde e amarelo.
Seu fruto, um legume seco e semelhante a uma gota de água, surge durante os meses de julho e agosto que se abrem por meio de duas valvas espatuladas, abrigando ali uma semente lisa, brilhante e dura.
Presente em quase toda a América Latina, do México ao Brasil, é encontrada em abundância na Mata Atlântica, mas espalha-se também em solos mais secos, podendo ser vista em vários pontos brasileiros.
Ah! Seu nome fica ainda mais pomposo quando dito de boca cheia: GUAPURUVU
Multiplique-se rápido, meu rei, pois sua vida é curta, apenas de vinte a trinta anos lhe foi concedido para embelezar paisagens e socorrer o homem em suas necessidades.
Sua madeira, de superfície sedosa, lisa, leve e macia, atrai olhares gananciosos e especulativos que por viverem no capitalismo desenfreado, já a conhecem muito bem. Abreviam sua vida que já é tão curta para usá-la na fabricação de caixas, forros, pranchetas, brinquedos, saltos de sapatos e canoas.
Guapuruvu, meu amor, minha paixão! Irei ter contigo agora, e quero abraçá-la forte. Dizer-lhe que conte comigo, pois em minhas mãos quero trazer tantas favas quanto nelas couberem. Procurarei solos sem vida para preparar-lhe um berço de folhas secas. Depositarei em cima de ti um punhado da nossa mãe terra, que regada com o líquido da vida, as farão germinar bem depressa.
Teus filhos nascerão fortes e sadios, e quando adultos derramarem em abundância suas sementes pelo chão, confiemos que outros apaixonados busquem umas favas tuas, e dêem continuidade a esta multiplicação.
Guardo sua imagem agora, no fundo do meu coração, e espero que outros seres humanos atentem para suas próprias vidas, guardando o respeito devido as outras em profusão.
Nicete Campos
5/3/2006
_______________________________________