Status e/ou poder (não necessariamente nessa ordem, já que o produto final, nesse caso, não se altera), são sub-produtos de imaginações férteis e nem sempre honestas. São igualmente prepotentes e arrogantes quando mostram suas caras para corromperem e promiscuírem o meio em que vivem.
Existem várias maneiras para se chegar a qualquer uma dessas "maravilhas", mas os que fazem uso do marketing sujo e traiçoeiro para alcançá-las conseguem superar todas as expectativas.
A gana em querer alçar vôo até o patamar das "maravilhas", faz com que o ser humano lance mão da miséria alheia para pousar em qualquer um desses postos, ou preferencialmente nos dois, já que um está intrinsecamente ligado ao outro.
O marketing próprio é cheio de meandros em retóricas. Faz-se de frágil e ingênuo. Contagia! Começa num esboço de sutilezas demagógicas. Insinua-se e se esconde, faz esfarrapadas aparições vulcânicas para na seqüência ofuscar a todos com seu brilho. Termina no limiar da loucura em seu gozo.
É traiçoeiro posto que abusa da fragilidade humana. É covarde, pois não poupa a criança que chora, a mãe que se desespera em seus ais, o pai desempregado vivendo a mendigar. Aos pobres e famintos de espírito, também vive a ludibriar.
Desmata, preda, suga rios e seivas, polui nosso ar, desequilibra o meio ambiente, calcando suas teorias baseadas em devaneios ilusionistas. Corrompe tudo e a todos na ânsia de exaltar seu ego e conseguir o vil metal.
Esse tipo de marketing alcançou seu status. Tem poder e dinheiro, tem livre passagem e há muito é imprescindível. Por incrível que possa parecer está enraizado no ser. Divagações insanas me fazem questionar se o problema é puramente educacional. Afinal, os cultos, letrados e educados por um acaso não necessitam de ídolos? Não se deixam arrastar por uma infinidade de bobagens e fanatismos?
Quem foi que disse que o marketing safado e traiçoeiro está com os dias contados? A tendência é sua generalização, pois não é na hora do aperto que todos se voltam para a esperança mitificada?
Quem foi também que disse que o povo precisa se educar para poder se safar da malandragem e da ignorância? Quem quer saber da verdade que constrói, mas que dói? Tanta gente propagando e muito mais acreditando que o céu pertence aos humildes bois, onde se alimentarão de pastos verdejantes, e todos felizes por serem tratados igualmente como irmãos, não havendo a necessidade de dinheiro, de status e de poder! Ora, lá no outro mundo sim é que será legal, e será para sempre! Para que então se preocupar com esses poderosos que irão para o inferno? Aqui na terra a vida é curta, tudo aqui é passageiro e efêmero! Dê então o seu quinhão, fique sem tostão, não pode as asas dos espertalhões, afinal, no outro mundo só os pobres de espírito entrarão.
Mas, como os incautos da santa ignorância poderão viver bem no paraíso, se não mais servirão de tapetes para os "maravilhosos" limparem seus sapatos? E as escadas servis do trampolim, que formarão por força do hábito, no intuito de elevar os que foram para o inferno, pra que servirão?
Poderão contar com o paternalismo sim (ao menos uma coisa boa), pois não é que Deus e seus anjos maravilhosos estarão lá a esperá-los? Isso não parece fantástico? Então o que é que há! Vamos aqui na terrinha ajudar a proliferar os marketeiros que estão a nos esfolar, assim seus objetivos ficam mais fáceis de alcançar.
Apenas uma sugestão para os pobres de espírito: não desdenhem daquilo que mais amam, não reclamem por reclamar, do contrário farão escala por tempo indeterminado no limbo, e seus terrenos comprados no céu poderão estar sendo ocupados pelos marketeiros que souberam ludibriar até Deus.
Nicete Campos
2/2/2006