Quando se pensa que um termo à novela dos transgênicos vai ser dado, eis que novos vilões aparecem. Enquanto isso, o plantio, a colheita e a comercialização da soja, por exemplo, deve esperar por milagres, pois a arrogância e a incompetência dos nossos políticos atravancam uma solução que poderia muito bem ser dirimida se entre os dissidentes extremos colocassem cientistas de reconhecido saber, e de comprovada sabedoria para discutir um assunto tão específico.
Quando da existência de um consenso, pautado em provas irrefutáveis, aí sim seria a vez dos nossos governantes intervirem para as decisões burocráticas cabíveis. Do contrário, estaremos fadados a conviver com decisões equivocadas, ou mesmo inconseqüentes, que fazem com que o Brasil seja visto aí fora como sendo o país das brincadeiras dos malucos, e por nós, como bobos expectadores da corte.
Será que, mesmo em se tratando de temas tão fundamentais como esse, os politiqueiros não se dão conta de que, quando não se sabe como agir, no mínimo, não se deve atrapalhar? Ô infelicidade! Sentimentos horríveis de vaidades fazem com que pessoas queiram bancar o próprio Deus.
Medidas provisórias são editadas para em seguida serem reeditadas com algumas modificações, e outras remodificações. O absurdo é que nem ao menos se dão ao trabalho de pesar prós e contras, de antever possíveis problemas, de averiguarem se as leis se complementam, se o círculo da coerência foi fechado. Que nada! Editam e reeditam num ímpeto, no afã do desespero de causa. O resultado só pode ser desastroso, e quem se importa com isso? O efeito dominó que acaba por atingir em cheio a população, nem mais sentido é, tamanho exagero de desgraças em que ela está soterrada.
O presidente Lula, que ao menos sabe o que significa presidir uma associação de bairro, sancionou Projeto de Lei de Biossegurança que permite a liberação do plantio e da comercialização de transgênicos sem a realização dos estudos adequados, como por exemplo, impacto ambiental e saúde humana. Ao menos se deu ao luxo de verificar junto a outros países, como México e Estados Unidos, o quão estúpida é essa mania de brincar de Deus. O que dizer do impropério dessa mesma lei, conter a liberação dos estudos com células tronco, assunto completamente diverso, e portanto, descabido de razão de estar na mesma lei?
O analfabetismo científico existente nesse governo não chocaria tanto se usasse de obviedade em assuntos que não lhe diz respeito. A prepotência e arrogância dos politiqueiros metidos a demiurgos ditam insanidades. O homem e o meio ambiente pagam o pato e a conta.
A novela dos transgênicos não teve seu final feliz como essa sanção quer dar a entender, ao contrário, ela tomou rumos grotescos, graças à estupidez daqueles que ditam normas e regras, embasados em suas santas ignorâncias.
Apenas uma pergunta: por que essa gente não vai brincar de governar sua própria vida? Aposto que os vermes já a teriam devorado.
Dá licença...
Nicete Campos
1/4/2005