O “modismo” que leva milhares de pessoas a engrossar o time dos que se acham marginalizados por não terem uma casa para morar ou um pedaço de chão para “plantar”, chega ao cúmulo do absurdo. Para aqueles que acreditam que Deus deu tudo aos outros, esquecendo-se dos pobres coitados que vieram ao mundo esperando o maná cair do céu, meus pêsames. Vão brigar então com Deus por tê-los colocado no mundo sem um pingo de noção.
Aos incompetentes e preguiçosos de profissão, mas crentes na “Justiça Divina”, cabe aqui um alerta plagiado, “ganhe seu quinhão com o suor do seu rosto”.
Aos incompetentes, preguiçosos de profissão, baderneiros, safados, insensatos e trambiqueiros, aqui não só cabe um alerta como também um desejo de vê-los mofando atrás das grades.
Explico meu repúdio que estendo aos que contribuem de maneira vil e proposital para que essa situação se alongue. Falo dos homens de palavras difíceis e emboladas, dos engravatados e colarinhos brancos (como são alcunhados), daqueles que para se sentirem realizados em suas ganas de poder e dinheiro, necessitam perpetuar a ignorância alheia.
Sem educação, mesmo os com teto e com terra estão fadados ao fracasso moral, intelectual e material. O que dizer então dos que nada têm? Sobra-lhes invadir, surrupiar e muitas vezes dizimar.
Não é apologia que faço aos detentores de bens móveis e imóveis. Sei o quanto existe de falcatrua por trás de alguns desses “tesouros” cobiçados. Sei de gente que herda terras vultuosas sem que para isso tenha abdicado da lei do mínimo esforço, mas sei também daqueles que trabalham incansavelmente na lida do dia-a-dia, com honradez e amor. Que têm educação suficiente para entender as necessidades da mãe terra e daquilo que ela produz. Que sabem manejar uma enxada quando equipamentos sofisticados lhes faltam, o adubo orgânico a ser usado, apesar dos apelos chamativos das indústrias químicas, visionários aos benefícios próprios e coletivos, e tantas outras virtudes e trabalhos mais, que só mesmo a educação pode diferenciar.
A casa pode cair e a terra pode ficar improdutiva. A questão então não pode ficar exclusivamente fundamentada em “direito de todos” em ter esses bens, e sim, se esses estão ou irão parar em mãos dos que detêm a sabedoria da educação como um todo.
A regra matemática que diz “a ordem dos fatores não altera o produto”, com certeza nada tem a ver com o título acima escolhido por essa colunista.
Nicete Campos
19/3/2005