Amanhã, logo cedo, vou tomar providências!

O filho, deixo no colégio não sem antes verificar se seu uniforme está a contento. Preciso estar de olhos bem abertos, afinal adolescência é uma fase infernal, problemática que só vendo!

Volto pra casa em seguida, dou uma ajeitada na casa, cuido do cachorro e das plantas. Ah! Deixo as roupas brancas de molho, e estendo as coloridas do avesso e na sombra. Não posso deixar de limpar a frente da casa, afinal a vizinha já veio palpitar, dizendo que se todos varressem suas calçadas, não teríamos que conviver com as sujeiras dos outros.

Isso feito, já saio correndo para o supermercado. Que lástima se estiver lotado justo hoje que tenho tanto a fazer. Compro só o necessário e volto depressa. Se o feijão não tivesse acabado, poderia até deixar no fogo, assim me adiantava bem. Não posso me esquecer que devo ainda, ir no posto de saúde, marcar consulta pra minha mãe. E se eu não conseguir a bendita pra amanhã? Tá certo que ela é psica, mas justamente por isso, sei o quanto serei atazanada. Ela quer ir ao médico mesmo sem dor, sem nada...Ir por ir.

Meu Deus! Hoje vence uma prestação da loja, e ainda por cima, nem dinheiro e nem cheque tenho. Estava protelando, mas vou ter que ir ao banco. Será que a fila do caixa não vai me atrasar? Minha sorte é que o marido está viajando. Ele que sempre tem hora pra tudo, se hoje estivesse em casa, já iria me atrapalhar.

Após o almoço, depois de lavar a louça e varrer o chão, tomo um banho rapidinho e vou fazer a prova do vestido. Justo eu fui convidada pra ser madrinha de casamento! A amizade nem é grande assim, e porquê fui aceitar? Poderia ter inventado mil desculpas, mas cadê a coragem do não?

O capítulo da novela da tarde, justo hoje que vai haver um desfecho, com certeza vou perder. Ai...ai...ai...Ainda tenho roupa pra passar, prometi ontem pro Juninho que hoje eu faria os brigadeiros que ele tanto gosta. Quando eu tiver um tempinho, juro que vou me inscrever naquele curso de pintura em gesso, e mesmo assim, quando a vida insistir em me atropelar, espero ela passar, e então...

Nicete Campos
17/4/2004